É possível fazer uma avaliação completa de um candidato pelo seu perfil no Linkedin? A resposta é não. E quem diz isso é o próprio CEO do Linkedin, Jeff Weiner. No último ASU GSV Summit, um encontro que discute tecnologia e inovação, realizado em abril passado em San Diego, na Califórnia, Weiner disse que o que faz a diferença hoje são as habilidades das pessoas e não sua formação. “Essas características não se adquirem com diplomas e são completamente negligenciadas quando se olha currículos ou mesmo perfis no LinkedIn”, complementou ele, na edição de maio da revista americana Entrepeneur.
Segundo o CEO do Linkedin, não se trata de descartar um bom histórico de formação escolar, mas de olhar para os profissionais com outra perspectiva além do conteúdo de um currículo. O peso dos formados em universidades de renome ainda é grande entre as empresas de tecnologia, ele reconheceu, mas apontou que, neste setor, vem aumentando a contratação de pessoas sem um histórico de educação tradicional. “Diplomas não são as únicas formas de se encontrar pessoas incríveis e talentosas”, disse.
Para colocar mais lenha nessa discussão, enquanto as possibilidades de se conquistar um diploma cresceram em todo o mundo, inclusive no Brasil, não se pode dizer o mesmo a respeito da qualidade dessa formação. Além disso, nem sempre os saberes adquiridos na escola são os exigidos dentro das organizações. Daí, surge um problema: como ler as “entrelinhas” de um currículo para descobrir habilidades de um candidato.
“Olhamos para a experiência de vida e o histórico profissional de um candidato e conseguimos apreender, do confronto dessas informações, características que nos dão um quadro muito mais completo e real da pessoa”, ensina Maria Reggiani, da Reggiani Hunting. “Mas essa é apenas uma primeira leitura, que deve ser confirmada com entrevistas pessoais nas quais confirmamos nossas avaliações iniciais”.
Com décadas de experiência em identificação de talentos, ela chama esse processo de “leitura do não escrito” e “escuta do não dito”. Por meio dele, é possível encontrar elementos da história e comportamento que permitem a descoberta de habilidades como autoconfiança, autoconhecimento, pensamento crítico, integridade, coerência, flexibilidade, resiliência, iniciativa, competitividade, empatia, capacidade de liderança, espírito de equipe e relacionamento interpessoal, entre outras.
Ninguém tem todas essas qualidades juntas e, dependendo das circunstâncias, algumas delas são mais importantes que outras. “O candidato ideal varia de acordo com a cultura da empresa que busca o profissional”, alerta Reggiani. “É preciso entender qual o ambiente de trabalho e quais os desafios enfrentados pela empresa contratante para saber quais são as habilidades adequadas para estas necessidades”, diz ela. “É o que chamamos de fit cultural”, conclui ela.
Para ler a entrevista do CEO do Linkedin: https://goo.gl/BUbWfw
Boa leitura, boa semana.